O Home Office sempre foi o sonho de muitos, principalmente da leva mais jovem de profissionais. Isso porque não querem abrir mão da liberdade e não se permitem perder horas de vida em trajetos desnecessários ou, então, sofrendo com o trânsito e problemas de mobilidade das grandes cidades.
Porém, em nosso contexto latino-americano, nem todas as casas contam com uma boa infraestrutura para realizarmos o trabalho da forma mais satisfatória possível, quando levamos em conta o conforto e qualidade destes locais. Não é difícil encontrar casos em que a mesa de jantar acabou virando o local de trabalho, e os pratos acabaram disputando lugar com o notebook. Sem contar também com a dificuldade que é trabalhar por oito horas sentado na cadeira da sala de jantar.
Por isso, para mitigar este problema, surgem os coworkings. Eles são espaços de trabalho compartilhados mais livres, onde podemos desenvolver relacionamentos com outros profissionais de diferentes áreas que se complementam. Estes locais de trabalho, também servem para profissionais autônomos que precisam “rodar” a sua empresa de forma vantajosa e sem grandes investimentos em um grande espaço físico.
Para escolhermos onde trabalhar, devemos nos atentar para a qualidade e objetividade de design e ergonomia de um coworking. Ele deve ser um ambiente interessante, em que sua arquitetura e conforto aflore a criatividade dos frequentadores.
A importância do Design e Ergonomia no Coworking
É inegável que um espaço coeso, bonito e visualmente agradável impacta positivamente na produtividade daqueles que ali se encontram.
Dentro da arquitetura, temos como premissa a escolha de soluções, e até mesmo de materiais, que estimulam a criatividade daqueles que estão utilizando o espaço. Uma parede branca pode ser chata, mas ao colocarmos uma cor, ou mesmo uma composição de desenhos e revestimentos, o local se torna muito mais agradável de se estar.
Esse entendimento se estende para tudo! Com o mobiliário certo, podemos criar pontos de encontro onde os usuários do espaço podem descobrir novos parceiros de negócios, conversar sobre ideias e encontrar soluções para seus problemas. Imagine um programador travado em um código, que sai para tomar um café e relaxar nas poltronas do jardim externo do coworking, e conhece outro programador que sabe a solução para aquele problema.
O design e a ergonomia no coworking são duas “matérias” que também impactam na saúde dos usuários. Ao pensarmos nestes espaços, não podemos nos esquecer das regulamentações e normativas que estabelecem as características destes locais, bem como o tipo de mobiliário que deverá ser utilizado.
Acertando no design para espaços de coworking.
É imprescindível, para quem está interessado em encontrar um bom coworking, se atentar para elementos que podem favorecer a produtividade e a saúde, e proporcionar um ambiente rico e satisfatório que estimule a produção e as interações profissionais.
Iluminação adequada:
Para pensarmos a iluminação em um coworking, podemos dividi-la em dois tipo de ambientes que estamos planejando criar. O ambiente de descanso, ou descompressão; e o ambiente de trabalho.
O ambiente de trabalho deve seguir a NBR 5413, que é a norma técnica que determina a quantidade de iluminação que as superfícies de trabalho devem ter. Como por exemplo, uma bancada de trabalho para serviços de arquitetura, que deverá contar com uma iluminância de no mínimo 750 lux (sendo o lux a unidade de medida de fluxo luminoso).
É indispensável também no planejamento deste espaço, levarmos em consideração a temperatura de cor das fontes de luz. Isso porque nosso organismo está acostumado a produzir hormônios de descanso e atenção na medida que ele interpreta a temperatura de cor do ambiente. Portanto, para espaços de trabalho que não demandam uma alta necessidade de atenção, o ideal é usarmos fontes de luz de temperatura neutra (4000K e 5000K).
Já os ambientes de descanso são um pouco mais informais. A ideia para esses espaços é realmente desestressar os usuários e permitir que eles se relacionem. Para isso, deve-se utilizar uma temperatura de cor mais quente, que dá a sensação de aconchego e relaxamento.
Fonte: https://www.vobi.com.br/blog/temperatura-de-cor-da-luz-o-que-e-e-como-escolher
Seleção de cores:
As cores dos ambientes também devem ser levadas em consideração. Temos, no campo da arquitetura, a compreensão de que cada cor tem a capacidade de modificar a nossa percepção dos espaços. Elas podem ampliá-lo, trazendo mais tranquilidade ou agitação, e até mesmo auxiliar na iluminação do ambiente.
Podemos citar alguns exemplos de como as cores influenciam nos espaços:
- Laranja: Inspira otimismo e criatividade;
- Amarelo: Libera a imaginação e nos traz uma sensação de felicidade;
- Vermelho: Desperta nossa energia, mas pode gerar nervosismo quando usado em excesso;
- Verde: Nos remete a paz e a calma da natureza;
- Azul: Nos traz a sensação de espaços sérios, sóbrios e imponentes.
Layout flexível:
Um bom diferencial para espaços de coworking é a possibilidade de modificações no layout, segundo as necessidades dos clientes. Temos no mercado, por exemplo, algumas mesas que permitem o ajuste de altura, e cadeiras que permitem o ajuste em detrimento do corpo do usuário.
Mas, para além do básico, é muito interessante quando o coworking tem em sua cultura a flexibilização dos espaços de trabalho. Isso abre caminho para a criatividade e o estreitamento de relações.
Imagine um local engessado, onde você chega, trabalha e vai embora. Horrível né?! Agora, imagine um coworking onde você tem total liberdade para se sentar ao lado de um profissional que trabalha na mesma área que você, e juntos desenvolverem um trabalho rápido, ou se ajudarem mutuamente.
Então, imagine um local onde você possa puxar uma cadeira para conversar rapidamente com um possível cliente que te viu trabalhando e te “descobriu” como alguém que pode resolver a demanda dele. Ou, até mesmo um lugar onde você pode trabalhar no jardim por algumas horas para esfriar a cabeça.
O que fortalece o coworking como local de inovação, e se torna um grande diferencial para a marca, é essa liberdade do espaço se modificar para que as demandas daqueles que o utilizam possam ser respondidas com facilidade.
Espaços abertos:
Uma das maiores reclamações de pessoas que trabalham em ambientes fechados é a impossibilidade de ver o dia passar. Trabalhar em uma sala sem aberturas ou incidência de iluminação natural, pode trazer problemas de saúde e até mesmo psicológicos.
Como contraponto para esta situação, aqueles interessados em bons espaços de trabalho devem buscar locais que permitam que a luz natural entre no ambiente, garantindo assim que o seu corpo consiga entender as mudanças de horário. Isso, pois a luz natural está diretamente ligada à produção hormonal, da qual tratamos no tópico de iluminação.
Espaços abertos também nos permitem a utilização de paisagismos e elementos de decoração, que podem ser muito bem aproveitados para locais de descanso e descompressão.
Acertando na ergonomia para espaços de coworking.
Quando falamos de mobiliário para espaços de coworking, precisamos ter em mente que, para que o espaço seja atrativo, é necessário um investimento em conforto para os usuários. O mobiliário incorreto, ou até mesmo a utilização de equipamentos que não levam em conta a ergonomia, podem acarretar lesões sérias ao utilizador.
Atualmente no mercado, existem diversos tipos de mobiliário, o que causa uma certa dificuldade na hora da escolha. Para que não exista erro, prefira cadeiras que cumpram com as normativas da NR-17. Ou seja, cadeiras com um bom nível de conforto, e que permitam o ajuste para que o equipamento se adeque ao corpo da pessoa que utilizará.
Nas mesas de trabalho, devemos sempre ter em mente que elas precisam ter uma altura tal que o usuário consiga trabalhar com o corpo reto, e que a bancada com o teclado esteja no mesmo alinhamento do apoio de braços da cadeira. Dessa forma, ela faz com que o cotovelo do utilizador esteja sempre reto e apoiado.
Prefira monitores que permitam o ajuste da altura da tela, para que seu pescoço ou coluna não precisem ficar tensionados, bem como teclados e mouse ergonômicos. Estes por sua vez, possuem um formato característico que nos permite utilizá-los sem que precisemos modificar o posicionamento natural das nossas mãos e pulsos. Mas tome cuidado na escolha do tamanho do mouse, pois um muito pequeno poderá acarretar problemas como dores no pulso e no dedão.
Fonte: https://imovbsb.com/ergonomia-no-escritorio-dicas-para-o-dia-a-dia/
Benefícios de um bom design e ergonomia para um Coworking saudável.
Definitivamente não existe mobiliário que consiga resolver todos os problemas de ergonomia se o utilizador não se permitir parar por alguns minutos para poder movimentar o corpo e relaxar. Para isso, voltamos a nos lembrar da importância de espaços de convivência de qualidade, tendo em mente, também, que estes espaços podem reduzir a fadiga e o estresse daqueles que ali estão.
Como pudemos compreender neste artigo, é completamente possível criarmos um ambiente de trabalho que preze pela qualidade e bem-estar de quem usufrui. Também pudemos perceber que um bom local de trabalho não se resume somente a sua mesa ou sua cadeira, mas sim em diversos fatores que tornam o lugar fisicamente mais prazeroso de ser vivenciado e, por consequência, tornam a comunidade do coworking mais engajada e forte .
Design e ergonomia de um coworking bem desenvolvidos são capazes de aumentar a satisfação e produtividade dos usuários.

Autor convidado do Vamos Escrever. Arquiteto e Urbanista responsável pela
Karandash Atelier de Arquitetura. Apaixonado por Arquitetura de espaços comerciais e de varejo e apreciador do mais tradicional pastelzinho de feira.